Mais de 100 mil mulheres ocupam o Eixo Monumental com a tradicional Marcha das Margaridas

6a Marcha das Margaridas em Brasília

Manhã de sol em Brasília nesta quarta-feira (14), e elas surgem aos montes, organizadas, lilás, fortes e unidas cantando alto e em bom som “estão chegando as decididas, é o querer das margaridas”. Assim, a tradicional Marcha das Margaridas seguiu do Parque da Cidade até o Congresso Nacional registrando a luta e resistência das mulheres trabalhadoras rurais.

Margaridas capixabas

Vencendo inúmeras adversidades, como dificuldades financeiras para viajar até o local do protesto, a grande maioria das mais de 100 mil mulheres que fizeram acontecer a 6ª edição, marcharam firmes na luta em defesa do tema “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência”.

Deputado Helder Salomão na 6a Marcha das Margaridas em Brasília

São agricultoras familiares, ribeirinhas, quilombolas, pescadoras, extrativistas, camponesas, quebradeiras de coco, trabalhadoras urbanas, indígenas e de movimentos feministas de todo o Brasil protestando também pelo combate à pobreza que volta a ser uma realidade de destaque e por medidas contra os crescentes casos de feminicidio registrados pelo Brasil que também motivam as margaridas a gritarem bem alto por direitos, assistência e justiça.

O deputado federal Helder Salomão (PT-ES) era um dos parlamentares presentes na marcha. “Sempre venho marchar junto com as margaridas, abraçando a luta delas e somando forças em suas reivindicações. Elas podem contar comigo para seguir no enfrentamento”, declarou o parlamentar capixaba.

Um dos momentos mais marcantes da passeata foi o encontro das manifestantes com o trompetista Fabiano Leitão, famoso por tocar no trompete o jingle Sem medo de ser feliz nas transmissões dos telejornais da Rede Globo de Televisão. Ele tocou o famoso jingle enquanto elas passavam e faziam coro junto a ele pedindo Lula livre.

A marcha acontece desde o ano 2000, uma homenagem à ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Paraíba, Margarida Alves Grande, assassinada em 1983 a mando de latifundiários incomodados com a sua luta por direitos trabalhistas e pelo fim da violência no campo. Ainda hoje esse crime está impune.

São grandes os desafios que essas mulheres enfrentam em seu cotidiano. Lidam diariamente com a falta de assistência social, médica, educacional fruto do descaso do poder público. Convivem com o machismo e os ataques dos grandes fazendeiros que vem nelas um problema.

Em meio ao jardim lilás que se formou no Eixo Monumental na capital federal, muitas histórias de dor, luta, superação e motivos para resistir. Cada uma dentro de sua realidade, da sua cultura, da sua localidade, mas em comum a dor da discriminação, da falta de oportunidade e a vontade de fazer valer o direito à vida, à inclusão e ao respeito.

Mais uma vez as margaridas chegaram decidias e deram o recado que não vão desistir.