A criação da Embrapa Tecnologias Sociedade Anônima (EmbrapaTec), subsidiária da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – PL (5243/16) -, foi o assunto da audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) da última quinta-feira (21).
Durante a audiência, presidida pelo deputado federal Helder Salomão (PT-ES), diretores da Embrapa defenderam que a criação da nova empresa para viabilizar a comercialização de tecnologia no mercado internacional. Posicionamento que vai de encontro com a opinião de pesquisadores que têm receio que a iniciativa privada possa gerar privilégios para grandes produtores.
A proposta, que está em estudo desde 2004, é um modelo parecido com o adotado em países como Austrália e França, e defende que a nova empresa negocie e comercialize tecnologias, produtos e serviços desenvolvidos pela Embrapa, ou por outra instituição científica, tecnológica e de inovação.
De acordo com o chefe-substituto da Secretaria de Negócios da Embrapa, Raul Rosinha, é preciso realizar parcerias para que as pesquisas saiam dos laboratórios. “Esses parceiros é que vão ajudar a transformar esses ativos naquilo que efetivamente o mercado quer, o agricultor quer, o produtor quer.”
O chefe da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Augusto Morandi, afirmou que a estatal não tem em seu quadro profissionais capazes de fazer negociações comerciais de forma eficiente. “A Embrapa tem excelentes laboratórios e pesquisadores. Entretanto, isso só chega ao pequeno e grande produtor se eu tiver uma empresa que vá disponibilizar esse produto”, afirmou.
Segundo o consultor de Tecnologia da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré, esse braço da Embrapa já deveria estar funcionando há muito tempo. “A marca Embrapa hoje é subutilizada no que diz respeito à colocação de produtos no mercado. Um produto com essa chancela não tem rejeição.”
O representante dos funcionários no Conselho de Administração da Embrapa, Antônio Machado, pontuou que o corpo técnico não participou do debate sobre a nova EmbrapaTec, e reforçou que a empresa já comercializa tecnologia. “Acho que se deve evitar o risco de dar um passo sem volta rumo à privatização da Embrapa.”
Para o relator da matéria, deputado Helder Salomão (PT-ES), a audiência contribuiu para que os membros da comissão possam compreender melhor a repercussão ao criar a subsidiária. “É um tema importante e a audiência contribuiu para esclarecer muita coisa”, disse Salomão, que solicitou o debate.
Foto: Gustavo Bezerra